sexta-feira, 15 de maio de 2009

Medicina Evolutiva

1. O que é a Medicina Evolutiva?
A Medicina Evolutiva ou Darwiniana envolve o contributo de vários ramos da Ciência, nomeadamente a Biologia, a Genética, a Medicina, entre outros, numa visão interdisciplinar da saúde humana. Concretamente, esta perspectiva evolutiva estuda os modos como tanto as células, os genes, o nosso organismo ou mesmo os organismos patológicos – organismos capazes de originar doenças - , evoluem e se comportam segundo os ambientes em que estão inseridos.
A Medicina Evolutiva distingue-se da medicina convencional porque não se limita a enumerar e tratar quer os sintomas, quer as doenças, mas sim, a tentar perceber o porquê destes aparecerem e a sua origem. O organismo humano é o meio ambiente para alguns organismos patogénicos, podendo os sintomas serem as respostas adaptativas dos seres humanos aos referidos “invasores”. Este facto é importante do ponto de vista médico, pois será indispensável no combate ao agente patogénico. Um espirro pode ser encarado como uma adaptação defensiva humana a uma infecção.
Para além disso, a Medicina Evolutiva dá também uma outra perspectiva sobre formas de tratamento, como o uso de uma mistura de fármacos em vez de um único fármaco de forma eficaz de controlar, por exemplo, o vírus HIV e a evolução da sua infecção.
Os ambientes físicos e biológicos nos quais os seres humanos vivem têm proporcionado o aparecimento de novas doenças e modificações na postura dos médicos. A Medicina Evolutiva declara que as doenças se relacionam com os estilos de vida de cada humano e proporciona uma nova abordagem ao estudo das causas, sintomas, prevenção e cura de muitas delas.
O conceito de Medicina Evolutiva é relativamente recente. É uma área que ainda está a tentar penetrar nos currículos das escolas médicas, não sendo apreendida pela maioria dos futuros médicos. Os primeiros trabalhos de síntese nesta área científica foram os de Ness e Williams em 1994, e os de Steams em 1999. Infelizmente, estes conceitos têm sido muitas vezes desacreditados por correntes ideológicas e teológicas, resistentes à ideia de evolução, bem como pela inércia e resistência das escolas médicas a integrar as novas perspectivas.
É de realçar que a formação médica neste campo ainda é rara nas faculdades de Medicina em muitos países. Mas a sua inclusão é justificada. Por exemplo, durante o diagnóstico, os conhecimentos evolutivos podem contribuir na posterior terapêutica, visto que certas terapias poderão ter implicações negativas na evolução dos organismos patogénicos, como numa incorrecta prescrição de antibióticos que pode originar, desta forma, uma resistência progressiva aos antibióticos.

2. Para que serve a Medicina Evolutiva?
A Medicina Evolutiva possibilita, ao estudar os motivos do aparecimento de sintomas, bem como de onde provêm, que se obtenham mais informações sobre doenças e a melhor forma de as tratar. Os estudos epidemiológicos, genéticos e de biologia molecular têm ajudado nessa compreensão.
Infecções, lesões, toxinas ou factores genéticos são alguns exemplos de factores estudados pela Medicina Evolutiva, fornecendo-nos, assim, informações essenciais sobre os processos metabólicos do nosso corpo. Os investigadores, através da análise de uma genealogia familiar afectada pela mesma doença, podem prever aspectos genéticos, relacionados com a cura da mesma até então desconhecidos.
Para além disso, estudam as relações de co-evolução entre o hospedeiro e o agente patogénico, salientando as pressões selectivas que ambas exercem e às adaptações resultantes. Por exemplo, quando um hospedeiro abandona o seu meio habitual, a medicina evolutiva analisará como se adapta a este novo ambiente e como o agente patogénico evoluirá para conseguir sobreviver.
“Na biologia, co-evolução é associada à influência evolucionária mútua entre duas espécies que apresentam dependências entre si, de forma que uma espécie exerce pressão selectiva sobre a outra.” Fernando J. Von Zuben (http://is.gd/k7rU)


3. Alguns exemplos de doenças que podem ser estudadas/analisadas num contexto evolutivo.
A Medicina Evolutiva apresenta variadíssimas aplicações no estudo de várias doenças, nomeadamente nos cancros da próstata, mama, pele, da leucemia, do diabetes, de doenças alérgicas, infecções, entre outros.
Concretamente, por intermédio da medicina evolutiva a descoberta de causa para o cancro avançou bastante, sendo presentemente detectadas mutações oncogénicas por métodos moleculares, nomeadamente por meio de análises feitas em células estaminais. Cumulativamente, estuda-se ainda o porquê do aparecimento dessas mutações genéticas.
Graças ao estudo do genoma humano, e através desta nova perspectiva, foram também identificados, pelo menos, nove genes associados à diabetes do tipo II. Tenta-se ainda descobrir qual o genótipo de doenças comuns como o cancro e a hipertensão. Assim, através de estudos que se fazem a células estaminais e a identificação de genes são fornecidas grandes vantagens na prevenção rastreio, diagnósticos, prognósticos e tratamentos inovadores a várias doenças.
O aparecimento da leucemia infantil, das alergias e do diabetes do tipo I, podem estar ligados a uma maior funcionalidade dos alelos do sistema imunológico, ou seja quanto maior o seu funcionamento, mais susceptíveis estão a contrair estas doenças.
E ainda, nos dias de hoje, o surto de gripe A é mais um exemplo de uma doença que pode ser estudada pela Medicina Evolutiva. De acordo com a epidemiologista Gabriela Gomes "Neste momento, a informação disponível diz-nos que esta estirpe não é particularmente letal e a mortalidade é menor que a da gripe sazonal. Se deixarmos o vírus circular, estamos a permitir que as pessoas criem imunidade. Isso é benéfico". i online (http://is.gd/xvqg).
Imagens: daqui e daqui

1 comentário:

JMC disse...

Malvados que roubaram o domínio do meu futuro blog!!!